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Imunodeficiência felina - FIV

O vírus da imunodeficiência felina (FIV) foi identificado pela primeira vez num gato imunodeprimido em 1986,embora se tenha identificado o vírus em amostras de sangue congelado há mais de 20 anos. O FIV é um Lentivirus, assim chamado devido ao lento desenvolvimento da doença, pertencente à mesma família do vírus do Sindroma de Imunodeficiência Humana (SIDA), embora o FIV seja uma doença exclusiva dos Felinos.

A infecção por FIV é mais frequente em gatos machos de vida livre, com mais de 6 anos de idade. A transmissão da doença dá-se através de dentadas durante as lutas pelo acasalamento ou de defesa do território. As mães podem transmitir a doença ao filhotes.

Estudos efectuados em gatos aparentemente saudáveis demonstraram que cerca de 1 a 2% da população felina dos EUA é portadora da doença, número que chega aos 12% no Japão onde a maior parte dos gatos não são castrados e têm vida livre.

Não existem estatísticas em relação a Portugal embora tudo leve a crer que teremos uma prevalência bastante significativa da doença devido ao elevado número de animais abandonados que infelizmente possuímos. 20 a 40% dos gatos doentes são portadores do FIV, daí que seja rotina o despiste da doença em qualquer felino doente.

Um gato quando contrai a doença desenvolve uma fase aguda que dura entre 4 a 6 semanas, a maioria dos gatos desenvolve febre, depressão e aumento dos linfonodos, infelizmente estes sintomas são na maioria das vezes tão ligeiros que passam despercebidos aos donos, fazendo com que seja muito raro conseguir determinar a altura exacta da infecção. Os gatinhos recém-nascidos podem morrer na fase aguda da doença.

Após a fase aguda o animal pode aparentar ser saudável durante 3 ou mais anos, durante este período o vírus vai lentamente destruindo o sistema imunitário do gato limitando a sua capacidade para lutar contra as infecções.

Quando a doença não é muito severa os gatos têm infecções que são comuns a todos os gatos como gengivites e periodontites (infecções da boca), abcessos, conjuntivites ou corrimentos anormais do nariz. Os gatos FIV positivos têm 3 vezes mais parasitas que os gatos saudáveis e não respondem tão bem ao tratamento como seria de esperar.

O FIV pode afectar a medula óssea inibindo a produção de defesas por parte do organismo e provocando anemia. Doenças parasitárias como a toxoplasmose, que num gato saudável são ligeiras, tornam-se doenças com risco de vida severo.

O FIV tem grande afinidade para o Sistema Nervoso Central podendo levar a mudanças bruscas de personalidade nos animais doentes, gatos tímidos podem tornar-se agressivos ou gatos destemidos podem tornar-se medrosos. A doença pode culminar no desenvolvimento de linfossarcoma (tumor maligno dos glóbulos brancos) e/ou favorecer o aparecimento de insuficiência renal. Quando a imunodepressão é severa os gatos podem apresentar doenças que não são típicas de gatos (por exemplo sarna demodécica, que é uma doença dos cães).

O diagnóstico de FIV é muito fácil e rápido bastando efectuar um teste rápido com recurso a uma gota de sangue.

Um diagnóstico de FIV positivo não é razão suficiente para eutanásia, estudos clínicos mostram que gatos FIV positivos continuam vivos muitas vezes 2 ou mais anos após o diagnóstico.Não existe um tratamento eficaz contra a doença, as drogas como o AZT, têm efeito contra o vírus mas são tóxicas para os gatos, e tal como nas pessoas não existe uma vacina eficaz.